Cartas sem remetente.

quinta-feira, agosto 10, 2017



Arrumando a bagunça que ficou, encontrei um bilhete seu. Não passam de meia dúzia de palavras escritas na sua terrível caligrafia, em uma folha de papel que você encontrou em algum canto da minha casa. 
Pensei e rasgar e jogar no lixo, assim como tenho tentado fazer com meus sentimentos, mas não consegui. Dobrei no vincos já feitos pelo tempo e guardei dentro da carteira.
São ridículos esses movimentos sem sentido para trazer para perto o que já está tão longe. 
Mas essa folha de papel não saiu dos meus pensamentos, o que se quebrou para que tudo mudasse? 

Um outro alguém me chamou de menina.
Tive vontade de gritar que só você pode me chamar assim, que é seu, que é nosso. Que sou sua menina e de mais ninguém. 
Tive vontade de te ligar e perguntar se você realmente quer que outro seja capaz de me tornar a menina dele. 
E são nesses singelos momentos que eu te odeio com todas as forças do meu coração, por você me deixar ir quando eu quero ficar. Quando eu quero correr para o seus braços e não me soltar nunca mais.

E essa febre que não passa...

Torno a escrever, porque é só isso que tenho feito nos últimos tempos. Escrever diversas cartas que não pretendo mandar, com sentimentos confusos que preciso afogar. Ouvir músicas que me contam todas as vezes o que estou sentindo.
Pensar no seu quarto não tão escuro quanto deveria, nos dias que não tinham fim e se estendiam pela madrugada e em como você me fazia sentir incrível.

Apenas bons amigos...

As vezes me consolo com as frases feitas que ouço por aí, sobre seguir em frente, sobre voltar atrás. As vezes me consolo em outras bocas e outros sorrisos fáceis; é tão fácil seguir em frente até que você consiga fazer isso de verdade...
Parece que faz tanto tempo e, olhando para trás, talvez faça. 
Mas só de abrir minha agenda eu vejo aquelas datas que pareciam tão infinitas, e que agora são lembranças que nem sei o quanto foram reais. Só de olhar para o mês de maio, colorido em compromissos e novidades, tudo desmorona, enquanto eu continuo sorrindo.

Tornei-me uma saudosista, exagerada, amante das melodias melancólicas. 
Permaneci patética, porque quando se trata de você eu não consigo me reconhecer. É sutil, delicado, leve. E eu não ouso mais repetir o que sinto, na esperança que sufocando, tudo desapareça entre as lágrimas amargas que me assustam na madrugada. Todas as malditas madrugadas.
Eu sinto a sua falta. 
Eu realmente sinto a sua falta.

Talvez eu só quisesse que você não me deixasse seguir em frente, me impedisse de dormir em outros braços e de escrever outras histórias. E meu único desejo bobo é continuar a nossa.
A nossa que nunca existiu.

Sabia que aquele garoto do qual você morria de ciúmes descobriu que não estamos mais juntos? Pois é, talvez terça-feira eu não fique em casa sentindo a sua ausência tão presente.
Talvez eu realmente me torne a menina de outro alguém.

Mas não importa, é só mais uma carta para a pilha das que já escrevi nos últimos dias. 
Uma prova a mais da minha covardia, que se esconde atrás de frases de efeito, copos de cerveja e uma embriaguez necessária para aceitar o que vem a seguir. 
Covardia que me leva a escrever onde eu sei que talvez você leia, de uma forma que você possa me ouvir, mas que mantém selado o assunto como se não existisse.

Eu só não pensei que seria tão difícil... Eu só não pensei que seria impossível.

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