Depressão.
terça-feira, maio 28, 2019
É dia.
Meus olhos veem o mundo de uma forma diferente, as cores desbotadas indicam que está acontecendo outra vez.
Outra vez rumo ao inferno dos meus pensamentos-demônios, que cobram pelos pecados que não cometi.
E lá se vai o controle, a vontade, os desejos. Os mais poetas chamam de estado blue, para mim é tudo cinza e nada.
É noite.
Os olhos marejados de lágrimas tentam sufocar a falta de ar do peito.
Ouço as batidas dolorosas de meu coração, descompassadas, desesperadas. Apenas batendo.
Coloco minhas ideias no lugar, já estive neste lugar muitas vezes, conheço suas paredes rotas prestes a desmoronar. A saída é logo ali.
Enquanto isso, o que me causava sorrisos, suspiros e distração, torna-se chato e banal. Desinteressa ao coração.
É dia.
Eu nada enxergo, eu nada distingo. É tudo sombra e silêncio.
Torno-me eco, espectro, rascunho. Solitude transforma-se em solidão. As paredes encolhem, o peito aperta, a cabeça dói.
Piloto automático.
É noite.
Só noite.
2 comentários
Acredito que com o passar dos anos, vai surgindo a lucidez, e as cores vão sumindo, e tudo vai virando acinzentado.
ResponderExcluirPode-se resumir a felicidade como pequenas cápsulas, ou para se ater a metáfora de cores, como pequenos potinhos de tinta.
Não é o suficiente para se colorir a pintura inteira, mas ajuda a criar um belo quadro.
Fique bem tiu ow.
(Desculpe o tom marginalizado)
Depressão é uma doença tão perigosa e ainda incompreendida, mas você conseguiu passar uma imagem muito bem definida. Haverá dias cinzas, com os sentimentos adormecidos e só o que restará é se medicar e esperar o nascer de um dia bem colorido e quentinho.
ResponderExcluirLinda a forma como escreve! Parabéns, Ana!