Não era como se houvesse qualquer esperança que quisesse ficar, as coisas foram desenhadas por mim para que fossem assim.
E você se foi, não de uma vez, mas dia após dia, enquanto muros cresciam entre nós dois. Muros que construímos juntos.
Por muitos anos eu carregei comigo a simples culpa de ainda sentir, porque te deixei ir mais por necessidade do que por desejo.
E aqui estou eu, extamente sete anos depois do começo do fim, escrevendo para você para te contar que agora quem está indo sou eu.
Permaneci tempo demais vivendo entre as ruínas que restaram do nosso castelo.
Vou sentir a falta do que fomos todos os dias, porque é parte de quem fui, mas eu amo demais o que sou para permitir que interfira.
Eu amo o que me tornei.
E encontrei quem também ame.
Pensei que depois de você nunca mais amaria novamente, pensei que viveria a vida toda esperando o momento em que você voltaria, mesmo sabendo que nunca seria real.
E eu sei que você também carrega consigo um pouco de nós, você me contou isso com um olhar quando nos encontramos novamente.
E eu sei que para você também foi como se não existisse mais ninguém ali. Foi natural como sempre, como se não tivessem anos e muros nos separando.
E isso me basta. Me basta saber que para você tambem fez sentido.
Você foi meu primeiro amor.
Mas não será o último.
Porque a vida é feita de quem escolhe permanecer e o amor é construído dia após dia.
Ainda não consigo falar seu nome sem sentir o estômago embrulhar, ainda recebo sua visita em sonhos quase sempre pesadelos.
Mas ao abrir os olhos, minha realidade é tão inevitavelmente encantadora, que seu fantasma não me assombra mais.
Esse não é um texto de nostalgia ou de raiva, não é um texto como os outros. Não existe mais espaço para nossos escombros em minha vida.
Vim aqui para me despedir.
Adeus meu velho amigo, mas te amar não me pertence mais.
- quarta-feira, outubro 07, 2020
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