And I can't stop myself from falling

domingo, junho 21, 2020



Existe uma necessidade que sempre me leva a transformar em palavras o que passa dentro de meus pensamentos. Normalmente é quando a tristeza faz morada em meu coração, convertendo cada célula de meu corpo em um dia chuvoso.
Muitas vezes me desdobro em textos confusos quando a nostalgia do que foi e, principalmente, do que não foi, vem me visitar como uma velha amiga contando as mesmas histórias que não posso mais viver, que não posso mais mudar.

Mas hoje é diferente.

Necessito trazer para o papel o que não faz sentido nenhum aos meus pensamentos, que o contraste da luz e das sombras me despertou de um sono há muito adormecido. E eu não durmo mais.
Os medos e os monstros não parecem mais tão assustadores.
E eu que me achava incapaz, tenho trocado meus pensamentos acelerados por uma constante eletricidade.

Já não me preocupo em ser, mas me assusta a possibilidade de não ser. 

O passado não vivido começa a ser uma oportunidade e não uma simples perda. 
E me pergunto a todo minuto, sentindo um frio constante que nada tem a ver com o clima: o que está acontecendo?
Não posso impedir, não posso parar,  mas pela primeira vez desde sempre, não estou preocupada. 

Não quero estar. 

Quero uma continuação para cada dia e cada noite e se em algum momento evitei o sono por medo dos pesadelos que me assombram, agora não quero que o dia tenha fim a não ser que seja para me embebedar da noite, cercada por uma escuridão que reluz em mim.
Uma inversão completa no meu mundo, dentro de um momento improvável, de uma forma impossível.
E persiste. E aumenta. 

Faz-me brilhar mais forte. 

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