É dia.
Meus olhos veem o mundo de uma forma diferente, as cores desbotadas indicam que está acontecendo outra vez.
Outra vez rumo ao inferno dos meus pensamentos-demônios, que cobram pelos pecados que não cometi.
E lá se vai o controle, a vontade, os desejos. Os mais poetas chamam de estado blue, para mim é tudo cinza e nada.
É noite.
Os olhos marejados de lágrimas tentam sufocar a falta de ar do peito.
Ouço as batidas dolorosas de meu coração, descompassadas, desesperadas. Apenas batendo.
Coloco minhas ideias no lugar, já estive neste lugar muitas vezes, conheço suas paredes rotas prestes a desmoronar. A saída é logo ali.
Enquanto isso, o que me causava sorrisos, suspiros e distração, torna-se chato e banal. Desinteressa ao coração.
É dia.
Eu nada enxergo, eu nada distingo. É tudo sombra e silêncio.
Torno-me eco, espectro, rascunho. Solitude transforma-se em solidão. As paredes encolhem, o peito aperta, a cabeça dói.
Piloto automático.
É noite.
Só noite.
- terça-feira, maio 28, 2019
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