Philophobia

quarta-feira, julho 22, 2020



Os batimentos aceleram nas veias, sem relação com uma crise de ansiedade.
Checo o pulso novamente, sem acreditar no que está acontecendo, não pode ser verdade. Duas semanas atrás estava em uma chamada de vídeo com minhas amigas, reafirmando que todos os muros continuavam erguidos para qualquer um que se aproximasse. 

Quem feriu meus muros? 
Conferi meu pulso pela terceira vez antes de escrever uma mensagem. Era ridículo que alguém como eu me permitisse passar por isso. Era mais ridículo ainda saber que não era a primeira vez naquela conversa.
Meu humor estava detestável, exceto que não estava e era isso que me assustava. 
Digitei um texto com alguns erros de português, reli, apaguei, digitei novamente e enviei. Continuei segurando o celular em frente os olhos, aguardando a resposta e eu queria que fosse imediata. 
Não era, não havia como ser. 

Abri uma barra de chocolate e comecei a comer enquanto assistia TV, finais de semana eram entediantes havia algum tempo e minha solidão me permitia certos hábitos alimentares sem prévios julgamentos. E nem posteriores.
O celular vibrou ao meu lado, mas eu já estava distraída com outra coisa.
Continuei no meu exercício de zumbificação olhando para imagens coloridas quando lembrei dos meus medicamentos. Ansiedade as vezes precisa ser medicada, baixa imunidade também. 
Aproveitei a oportunidade para conferir minhas mensagens de texto. Outro acelerar no pulso, um sorriso relutante e uma sensação de alívio.

Enjoei da TV, escolhi uma playlist para começar a ler mais um dos meus livros clichês. 
O tempo passa despercebido entre as páginas do livro que também me causam a mesma aceleração de antes, mas dessa vez não preciso me preocupar, não é real.
Isso significa que da outra vez era realidade? 
Fecho o livro, meus pensamentos aceleram, checo o celular novamente e percebo que não respondi. Escrevo e apago algumas vezes novamente, mas no fim sou vencida pela estranha sensação de anestesia que os medicamentos me dão.

Exceto que não estou medicada. 

Ainda não inventaram medicamentos que me ajudem a vencer a Philophobia.

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2 comentários

  1. Sabe antes de entrar de cabeça no meu relacionamento atual eu tinha muito medo de não ser bom o suficiente para relacionamentos no geral. Não, não chega nem perto de uma fobia, mas vou deixar uma sugestão sonora, que fazia (faz ainda) minha mente entrar nos trilhos. Colocava para ouvir sempre antes de deitar e eu ouvia inúmeras vezes até ter uma overdose e dormir de fato, fica aí embaixo daí:

    "Something Just Like This"

    =)

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