Escrevo porque é assim que me faço
viva.
É embaralhada em palavras turvas
que encontro o caminho de volta para um lar que nunca tive. Viver é um incômodo
inevitável, como uma etiqueta de uma blusa que você tentar cortar, mas continua
ali.
E na inevitabilidade do viver, me
equilibro entre os dois lados que me arrastam para um mar sem sol, com ondas
fortes e água gelada. Cair não é uma opção, errar não é opção, sentir não é uma
opção.
Seguir em frente é uma opção.
Parece determinístico porque é,
nunca me foi dada a oportunidade de desfrutar de um momento de felicidade sem
um preço alto a se pagar.
Sendo assim, só me resta o obvio,
continuar e nunca parar.
Desejo que seja uma trajetória
pacífica, não preciso de muito mais do que distância do caos para conseguir me
aguentar em pé.
Só preciso sobreviver até que não
seja mais necessário. Me amparar em lembranças que me mostrem que o mundo já
foi pior, deixar a dor ir.
Mas para a dor ir, assim como a
ressaca do mar, primeiro ela tem que vir.
Não me sinto no direito de
questionar os porquês, a vida é o que é. E se hoje minhas lágrimas ardem por um
coração partido, já arderam antes por partir um coração.
É a lei do retorno, é a lei do
merecimento e é aqui, nesta única vida que temos, que vamos encontrar nossos
ciclos (sim, ciclos, porque começos e fins estão sempre nos mesmos lugares).
Me conformo e sigo em frente. É só
o que me resta e é tudo que eu tenho.
- sexta-feira, março 19, 2021
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