Eu te deixei ir...

quinta-feira, agosto 23, 2018




Eu morri um pouco mais quando te deixei ir.

Um pouco mais do que já morria todos os dias quando queria, mas não conseguia ser sua. Um pouco mais do que morri todas as vezes eu você, silenciosamente, disse “eu te amo” e eu ainda mais silenciosa, respondia “eu também”.
É verdade que eu estive mais morta do que viva por muitos anos. Por oito anos. Mas a fina linha que me separou do destino cruel do meu carrasco foram seus olhos com cílios longos que vidravam ao me encontrar. Seus lábios finos, rosados sem batom, desejando borrar meus lábios desenhados, que escondia com pintura os machucados.

Eu quase morri totalmente quando te deixei ir.

Eu estava jurada, devastada, perdida. Não acreditava que conseguiria encontrar o caminho de volta e não estava disposta a continuar te assistindo se arrastar por meus caminhos de dor. Porque você iria até o inferno para me salvar, mas eu permaneceria nele para te salvar. E eu permaneci.
Você foi embora, mas continua vivo em algum lugar entre meus sonhos e meus desejos. Eu ainda ouço a sua voz dizendo o quanto eu era chata, resgato lembranças de simples caminhadas que significaram a minha vida. Nunca vou assistir Breaking Bad, nunca vou ouvir Give Me Everything sem segurar o choro.

Eu ainda morro de vez quando, ao lembrar que te deixei ir.

Nos sonhos que tenho com uma frequência devastadora demais para ser ignorada, tão raramente que levam tempo suficiente para que eu esqueça e, de repente, me invadem com sua pele branca e seu sorriso sereno.
As vezes estamos juntos, as vezes eu só desejo. E se passaram anos e eu ainda desejo. Anos que eu não pude te esquecer. Anos e eu estou aqui, pateticamente, me declarando para um desconhecido que já não sei mais o que faz sorrir, o que faz chorar.


Eu gostaria que tudo tivesse morrido no dia em que te deixei ir...
... mas continua vivo em algum lugar de mim.

You Might Also Like

0 comentários

Popular Posts

PINTEREST